Temporada 2024
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PRAÇA JÚLIO PRESTES, Nº 16
01218 020 | SÃO PAULO - SP
+55 11 3367 9500
SEG A SEX – DAS 9h ÀS 18h
25
mar 2017
sábado 16h30 Jequitibá
Temporada Osesp: Volmer e Gerstein


Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
Arvo Volmer regente
Kirill Gerstein piano


Programação
Sujeita a
Alterações
Wolfgang A. MOZART
Música para o Funeral Maçônico, KV 477 (479a)
Arvo PÄRT
Sinfonia nº 3
Sergei RACHMANINOV
Concerto nº 2 para Piano em Dó Menor, Op. 18

Quinta-feira, 23 de março
Bis da Orquestra: Arvo Pärt - "Swansong"
Bis do solista: Pyotr I. Tchaikovsky – "18 Peças para Piano Solo, Op. 72, nº5. Méditation"

 

Sexta-feira, 24 de março
Bis da Orquestra: Arvo Pärt - "Swansong"
Bis do solista: George Gershwin – "Who Could Ask for Anything More – Arr. Ear Wild"

 

Sábado, 25 de março
Bis da Orquestra: Arvo Pärt - "Swansong"
Bis do solista: Sergei Rachmaninov - "Melody"

INGRESSOS
  Entre R$ 46,00 e R$ 213,00
  SÁBADO 25/MAR/2017 16h30
Sala São Paulo
São Paulo-SP - Brasil
Notas de Programa

WOLFGANG A. MOZART [1756-1791]
Música Para o Funeral Maçônico, KV 477 (479a)

 

Apesar de o próprio Mozart ter catalogado a Música Para o Funeral Maçônico como escrita em novembro de 1785, no contexto da morte de dois irmãos maçons, há registros de uma performance alguns meses antes, em outra cerimônia ritual em Viena.


A partitura em Dó Menor do compositor austríaco apresenta, tanto de forma explícita como cifrada, uma série de associações entre elementos simbólicos comuns à maçonaria e determinadas escolhas musicais específicas, sugerindo conexões não só com sua derradeira ópera, A Flauta Mágica (1791), mas também com suas duas principais obras sacras da maturidade, a Grande Missa em Dó Menor (1783) e o Réquiem (1791).


Mesmo em poucos minutos de música, Mozart conduz habilmente uma incisiva transformação no caráter musical da peça, desde os primeiros sons (dois oboés), seguidos de silêncios entrecortados pelo conjunto de sopros, até o denso tutti orquestral final, com seu último suspiro luminoso em Dó Maior.

 

 

 

ARVO PÄRT [1935]
Sinfonia nº 3

 

Composta quase duzentos anos depois do Funeral Maçônico de Mozart, a Sinfonia nº 3 do compositor estoniano Arvo Pärt pode ser entendida como uma peça-chave em sua obra. Para sua escrita, o compositor abriu mão da ligação direta que mantinha com a estética serial do século xx para procurar no passado mais remoto as soluções para o futuro urgente. Pärt encontrou na música modal, anterior ao período Barroco, inspirações para uma reelaboração do uso das consonâncias como mote composicional. Sua terceira sinfonia é uma peça curiosa, de um estágio que precede a criação da técnica “tintinabular”, que só seria de fato alcançada em 1976, depois de anos de reclusão, e que se constituiria em sua marca estilística a partir de então. O vocabulário musical selecionado pelo compositor é articulado nota a nota, tempo a tempo, como se a música fosse se descobrindo e apontando o próximo passo, à medida que era ela mesma composta. Traz como certeza apenas o abandono, a segurança daquilo que não é, para errar na busca do que está por vir.


Como em Mozart, o início é rarefeito; uma frase solitária e inconclusa, também de um oboé, aqui dobrado por um clarinete. Fragmentos de ascendência minimalista e diferentes cenas se sucedem; uma cadência nas cordas, um sino, metais e percussão. O passo seguinte é acoplar os personagens, sobrepor camadas, adensar as texturas. O segundo movimento é um singelo “Adagio”, em que a melancolia nostálgica das passagens solo de Pärt — traço composicional inequívoco de peças posteriores — salta aos ouvidos em seu segmento final: notas espaçadas na celesta, quinze compassos de violinos na região aguda, um trompete ao longe. “[...] apenas o que vem de dentro tem importância. Se vier, muito que bem; se não vier, não tem sentido”, relataria mais tarde o compositor em conversa com o músico e pesquisador Paul Hillier. Em meio à massa espessa das cordas surge um tímpano que se descola a repetir violentamente seus ataques, anunciando o terceiro e último movimento. E assim a sinfonia segue, buscando uma reconciliação formal, recuperando motivos, inventando equilíbrios, perseguindo seu fim.


Desde o final dos anos 1970, Arvo Pärt vem gradativamente multiplicando seu público para muito além das fronteiras da música de concerto contemporânea, sendo ouvido por amantes do jazz moderno europeu, por interessados em música étnica e até por uma faixa etária diretamente ligada à música pop inventiva dos últimos vinte anos, como o público da compositora islandesa Björk.

 

 

 

SERGIE RACHMANINOV [1873-1943]
Concerto nº 2 Para Piano em Dó Menor, Op.18


À sua maneira, o Concerto nº 2 Para Piano de Rachmaninov também ganhou popularidade fora das principais salas de concerto do mundo ocidental. Ao longo dos anos, suas marcantes melodias líricas de grande fôlego foram adaptadas para o formato de canção popular, e vários de seus efeitos orquestrais estão presentes em um número incontável de trilhas de cinema, especialmente nos Estados Unidos, onde o compositor russo viveu seus últimos anos.


A escrita do concerto, estreado pelo próprio compositor ao piano em 27 de outubro de 1901, na Sociedade Filarmônica de Moscou, dá conta exemplarmente da difícil tarefa de equilibrar, com intensidade e virtuosismo, a sonoridade do piano com as densidades orquestrais, alternando ideias de figura e fundo, acordo e atrito, sem nunca prescindir de uma firme estrutura harmônica de sustentação, assim como de uma clareza formal que muito auxilia sua fruição. Pode-se notar que tais características já eram comuns em Tchaikovsky, de quem Rachmaninov soube com sabedoria herdar e aparar o estilo, no sentido de criar uma dicção mais pessoal.


Organizado em três movimentos, baseia-se – não por coincidência, neste programa – na mesma tonalidade de Dó Menor do Funeral Maçônico de Mozart. No “Adagio” central, a sonoridade noturna não esconde referências diretas a Beethoven, com seus gestos, arpejos, sombras e sutilezas da Sonata ao Luar. Para os últimos dois minutos do “Allegro”, Rachmaninov guarda a cuidadosamente preparada recapitulação do tema lírico nas cordas, majestoso e brilhante, em busca dos acordes finais, aqui também na tonalidade de Dó Maior.


SERGIO MOLINA é compositor, doutor em música pela USP, coordenador da pós-graduação em canção popular na Fasm (SP) e professor de composição no ICG/UEPA de Belém.