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PRAÇA JÚLIO PRESTES, Nº 16
01218 020 | SÃO PAULO - SP
+55 11 3367 9500
SEG A SEX – DAS 9h ÀS 18h
30
set 2017
sábado 16h30 Mogno
Temporada Osesp: Baldini e Bavouzet


Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
Emmanuele Baldini direção musical
Jean-Efflam Bavouzet regente e piano


Programação
Sujeita a
Alterações
Wolfgang A. MOZART
O Empresário, KV 486: Abertura
Joseph HAYDN
Concerto para Piano em Fá maior, Hob.XVIII: 3
Concerto para Piano em Ré maior. Hob XVIII:11
Wolfgang A. MOZART
Sinfonia nº 33 em Si bemol maior, KV 319
INGRESSOS
  Entre R$ 46,00 e R$ 213,00
  SÁBADO 30/SET/2017 16h30
Sala São Paulo
São Paulo-SP - Brasil
Notas de Programa

MOZART

O Empresário, KV 486: Abertura


Clareza, transparência e equilíbrio. Tais características se aplicam invariavelmente à música de Mozart, que conseguiu acrescentar à perfeição clássica do seu artesanato uma sublime e inconfundível expressão pessoal. Deixando uma vasta produção musical, em seus 35 anos de vida, Mozart abordou com especial maestria o gênero operístico, com libretos em italiano e em alemão.


A ópera em um ato Der Schauspieldirektor [O Empresário] foi composta em 1786, sobre libreto de Gottlieb Stephanie, e estreada no Castelo de Schönbrunn, em Viena, durante evento promovido pelo imperador Joseph II [...]. Não há, contudo, como comparar essa obra mozartiana com a sua trilogia italiana em colaboração com Lorenzo da Ponte – Bodas de Fígaro (1786), Don Giovanni (1787) e Così Fan Tutte (1790) –, muito menos com sua última experiência operística em alemão, Flauta Mágica (1791).


Em cerca de 60 minutos de ópera, O Empresário tem aproximadamente meia hora de texto falado e meia hora de música cantada. Sua “Abertura”, contudo, exibe em doses generosas a reluzente linguagem de Mozart, na elegância do estilo e pertinente manipulação formal. Usando, com originalidade, a estrutura da forma-sonata, Mozart antecipa a consistência do desenvolvimento temático beethoveniano e as futuras cintilações rossinianas, que mais tarde consolidariam o gênero lírico.

 

RONALDO MIRANDA é compositor e professor do Departamento de Música

da ECA–USP. Entre outras obras de sua autoria encomendadas pela Osesp,

estão o Concerto para Violino (2010) e as Variações Temporais (2014).

 

 

HAYDN /HAYDN EM FOCO

Concerto Para Piano em Fá Maior, Hob.XVIII: 3

Concerto Para Piano em Ré Maior, Hob.XVIII:11


Apesar de ser instrumentista competente, Haydn jamais centrou a carreira nas suas habilidades de pianista, e foi como compositor que estabeleceu sua carreira e sua reputação. Talvez por isso mesmo, em geral, a exibição de técnica não era seu objetivo principal. (1)


Inicialmente orquestrado apenas para cravo e cordas, o Concerto Para Piano em Fá Maior recebeu mais tarde o acréscimo das trompas nos movimentos rápidos. Sua segunda edição, de 1771, leva o título de Concerto Para Cravo ou Piano-forte, bastante típico dessa época de transição, que preservava as vendas independentemente de qual instrumento de teclado fosse a escolha do comprador da partitura.


O Concerto é camerístico, intimista, sem explosões de virtuosismo ou ousadias harmônicas. Delicado, singelamente lírico, abre mão das extravagâncias do “estilo sensível”, ancorando-se na doçura e na elegância. Longos ciclos de quintas, figurações de moto-perpétuo, alternância entre modos, apojaturas espirituosas e passagens modulatórias fluidamente conduzidas são traços do compositor, que acrescentam interesse sem, contudo, quebrar os limites das convenções vigentes. [...]


Quase vinte anos separam o Concerto Para Piano em Ré Maior do seu antecessor imediato. Estreado por uma aluna do compositor Leopold Kozeluch, veio a ser publicado pela Artaria em 1784, com o chamariz de ser o “único concerto de piano de Haydn jamais publicado”, tornando-se um sucesso imediato, com carreira longa e estável. [...]


Um “Vivace” gracioso leva a um movimento lento profusamente ornamentado, o que lhe dá um ar de improvisação e liberdade. O final, como era moda, traz um rondó empolgante, em estilo húngaro, exótico e aciganado, feito para levantar plateias.

 

1. Este texto é um fragmento do ensaio “Haydn, um Compositor Solar”, de Laura Rónai, publicado na Revista Osesp 2017.

 

LAURA RÓNAI é flautista, professora na UNIRIO e autora de

Em Busca de um Mundo Perdido: Métodos de Flauta do

Barroco ao Século XX (Rio de Janeiro: Topbooks, 2008).

 

 

MOZART

Sinfonia nº 33 em Si Bemol Maior, KV 319


Embora várias sinfonias de Mozart se organizem em três movimentos, é possível notar uma tendência para equilibrar a forma geral em quatro movimentos, especialmente na produção da década de 1780, quando o compositor se radicou em Viena. O fato de a Sinfonia nº 33 ter sido escrita ainda em Salzburg (1779), inicialmente seccionada em “Allegro Assai”, “Andante Moderato” e “Allegro Assai”, pode explicar a escolha, menos usual, do compasso ternário para o “Allegro” inicial. A principal diferença entre as sinfonias de três e de quatro movimentos é que nas de quatro havia a inserção de um minueto (uma dança ternária) antes do “Finale”. Ao reservar a utilização do compasso ternário somente para essa dança, os compositores conseguiam manipular a organização do tempo de modo a provocar jogos rítmicos que se contrapusessem aos já consolidados compassos de dois ou quatro tempos, estabelecidos nos movimentos iniciais.

 

Mas o que acontece na Sinfonia nº 33 é algo ainda mais particular: uma decisão a posteriori de escrever e incorporar o minueto, por ocasião de uma apresentação em Viena em meados dos anos 1780. Desde então, a sinfonia passou a ter dois movimentos ternários (I e III) e dois binários (II e IV).


Assim como ocorre no Concerto em Fá de Haydn, a escrita camerística pode ser observada ao longo de toda a peça e, nesse sentido, a participação do naipe de sopros − constituído aqui apenas pelas trompas e pelos instrumentos de palheta dupla (oboés e fagotes) − é decisiva para a trama. No engenhoso primeiro movimento, na tonalidade principal, chama a atenção a extrema concisão dos materiais temáticos; Mozart deriva uma série de fragmentos a partir de um único arpejo descendente, que pode ser ouvido nas cordas graves já no compasso inicial. A escala ascendente que se segue nos violinos traz uma sutil passagem cromática, que mais à frente também será objeto de exploração.


Após o denso “Andante” e o breve “Minueto”, a peça termina com mais um “Allegro”. Combinando virtuosismo e leveza, o movimento reserva ainda lugar para uma última surpresa, uma melodia cantabile (segundo tema), que evoca a fluência da escrita vocal, tão característica do compositor.

 

SERGIO MOLINA é compositor, Doutor em Música pela USP,
coordenador da Pós-Graduação em Canção Popular na FASM (SP)
e professor de Composição no ICG/UEPA de Belém.

 


Leia sobre Joseph Haydn no ensaio "Haydn, um compositor solar", de Laura Rónai aqui.