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PRAÇA JÚLIO PRESTES, Nº 16
01218 020 | SÃO PAULO - SP
+55 11 3367 9500
SEG A SEX – DAS 9h ÀS 18h
04
jun 2017
domingo 11h00 Concertos Matinais
Matinais: Osesp e Mazzola


Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
Enrique Mazzola regente
Thiago Araújo trompete


Programação
Sujeita a
Alterações
Jacques IBERT
Bacanal
Alexander ARUTIUNIAN
Concerto Para Trompete em Lá Bemol Maior
Claude DEBUSSY
Images

 

Este concerto integra as apresentações dos cinco jovens selecionados na edição 2017 do Concurso Jovens Solistas da Osesp.

INGRESSOS
  Gratuito
  DOMINGO 04/JUN/2017 11h00
 

Ingressos disponíveis na bilheteria do 1º subsolo da Sala São Paulo a partir da segunda-feira anterior ao concerto, limitados a quatro por pessoa. A partir de cinco ingressos, será cobrado o valor de R$ 2,00 por ingresso, também limitados a quatro por pessoa. Devido à grande procura, recomendamos que verifique se há disponibilidade de ingressos.
20 % dos ingressos são reservados para distribuição no dia do concerto, a partir das 10 horas, apenas um ingresso por pessoa. Recomendamos a chegada antecipada.
Informações: T 55 11 3223 3966.

Sala São Paulo
São Paulo-SP - Brasil

Notas de Programa

IBERT
Bacanal

 

O fato de Jacques Ibert não estar associado diretamente a nenhuma das vertentes estilísticas principais da música francesa do século passado, como o modernismo visionário de Debussy, as rearmonizações exóticas de Ravel, o grupo d’Os Seis [Les Six] (1), ou as colagens de Erik Satie, faz com que sua obra, até hoje, permaneça menos conhecida e executada.

 

Bacanal foi encomendada para o aniversário de dez anos do Third Programme da BBC em 1956. Composta em um único movimento, em formato de scherzo para grande orquestra, baseia-se em uma vigorosa exploração de células rítmicas em repetição, que sustentam temas brilhantemente expostos nas trompas, trompetes e trombones. Após a primeira exposição, por volta do terceiro minuto da peça, uma frase descendente solo no trompete anuncia a seção intermediária, menos intensa, em andamento moderado, um pouco mais rarefeita. As cordas em uníssono propõem desenhos angulosos que dialogam com as madeiras em staccato. Por fim, figuras reiteradas na percussão anunciam pouco a pouco a retomada do ambiente inicial.

 

 

DEBUSSY
Images [Imagens] /COMPOSITOR TRANSVERSAL

 

Em The Music of Claude Debussy, (2) Richard Parks ressalta o fato de Images (1912) ser a última peça genuinamente orquestral criada pelo compositor francês. O caminho em direção à música moderna foi aberto pelo seminal Prélude à l’Après-midi d’un Faune em 1894, aprofundado nos Nocturnes (1899) e radicalizado em La Mer (1905). (3) Essas três peças, segundo Parks, compartilham uma série de procedimentos composicionais que as distanciam das práticas sinfônicas do romantismo: utilização de diferentes escalas, uma narrativa contínua organizada a partir das “proporções áureas” e uma ampla instrumentação tomada mais como um recurso para alcançar a variedade de timbres do que para criar um peso orquestral.

 

Comparando-se as duas primeiras seções de Images com as peças anteriores, nota-se que “Gigues” e “Iberia” (4) se caracterizam por uma maior presença dos metais, especialmente de trompetes e trombones, e por recuperarem um sentido de pulso mais pronunciado, com padrões rítmicos claros articulados em camadas timbristicamente distintas. Sobrepostos, tais padrões criam uma rede de encaixes e desencaixes, ciclos e defasagens, ora semelhantes, ora complementares às pesquisas rítmicas que Igor Stravinsky simultaneamente desenvolvia e aplicava em Petrushka (1911).

 

A seção final (na versão original), “Rondes de Printemps”, está entre as páginas mais representativas da obra orquestral de Debussy. Uma das razões para isso — como observou Paulo da Costa e Silva (5) — é o fato de que na escrita de Debussy o “timbre” é alçado para o primeiro plano, passando então a funcionar como um “co-criador da obra”, um eixo do qual os demais parâmetros são indissociáveis. Aqui, a concatenação do discurso entrecortado do compositor francês, sempre muito bem resolvida em suas peças para piano, parece encontrar definitivamente uma forma de fluir no organismo orquestral.

 

1. O grupo d’Os Seis foi formado por volta dos anos 1920, na França, e era composto por Francis Poulenc, Darius Milhaud, Arthur Honegger, Louis Durey, Germaine Tailleferre e Georges Auric.

2. PARKS, Richard S. The Music of Claude Debussy. New Haven e Londres: Yale University Press, 1989, p. 299.

3. La Mer foi interpretada nesta temporada da Osesp na última semana de março. O Prélude à l’Après-midi d’un Faune está programado para agosto.

4. Nos concertos desta semana, conduzidos por Enrique Mazzola, “Iberia” será apresentada como movimento final.

5. No ensaio “A Revolução Suave de Claude Debussy”, publicado na Revista Osesp 2017.

 

SERGIO MOLINA é compositor, Doutor em Música pela USP,
coordenador da Pós-Graduação em Canção Popular na FASM (SP)
e professor de Composição no ICG/UEPA de Belém.


Leia sobre o compositor Claude-Achille Debussy no ensaio "A Revolução Suave de Claude Debussy", de Paulo da Costa e Silva aqui.